Todo o conhecimento advém da experiência. Através dos séculos e milênios, o homem vem sofrendo vicissitudes que lhe proporcionam aprendizado constante e acúmulo de saberes. Essa bagagem transmitida de geração a geração nos trouxe das cavernas aos arranha céus.
As doenças causadas por vírus só podem ser evitadas quando forem criadas vacinas eficazes. Assim aconteceu com a varíola que assolou a humanidade durante séculos e causou mortandade assombrosa. Atualmente ela está erradicada totalmente, no mundo todo, graças à vacinação. A poliomielite (paralisia infantil) que já causou morte e deformidades, está em processo de extinção e hoje subsiste em alguns lugares do planeta, geralmente associada à pobreza extrema e ao subdesenvolvimento. Irá, fatalmente, desaparecer. Entre os animais, a febre aftosa, através da vacinação, está sendo progressivamente contida e, em vários lugares do mundo, está erradicada. As vacinas são, reconhecidamente, um dos maiores avanços que a medicina tem conseguido. Os programas da vacinação infantil têm permitido evitar uma série de doenças que acometiam crianças e eram causa de mortalidade. Apesar de todo esse acúmulo de conhecimento e progresso da ciência, a ignorância ainda produz resistência à vacinação.
A Covid-19 só poderá ser evitada, em futuro próximo, quando tivermos desenvolvido uma vacina eficaz. Até lá, somente o isolamento poderá postergar o contágio, que será uma fatalidade necessária ao controle da pandemia. A infecção viral leva o organismo a produzir anticorpos que imunizarão a pessoa. Quando essa imunidade tiver alcançado uma parcela considerável da população (70%), a pandemia poderá ser controlada. Antes disso, os casos de gripe pela Convid-19 persistirão ameaçando as populações no mundo inteiro.
Do ponto de vista epidemiológico, uma epidemia que acometesse extensivamente uma população, ao final de 12 semanas estaria controlada, graças ao desenvolvimento da imunidade adquirida pela maioria das pessoas. Foi o que aconteceu no passado da humanidade. Nunca antes o homem foi mantido em distanciamento social tão intenso e prolongado como está acontecendo nos nossos dias. Dessa experiência resultará um acréscimo de conhecimento que possibilitará, no futuro, decisões mais acertadas. Hoje estamos vivenciando um enfrentamento contido, lento, que possibilitou uma organização de defesas para o tratamento daqueles doentes mais graves. A visão que norteou nossas autoridades foi a de capacitação do sistema de saúde para o enfrentamento da pandemia. A mortalidade que acompanha essas doenças foi o espectro que assustou a sociedade, levando o pânico ao mundo todo, graças à internet. Esse o grande diferencial das experiências passadas.
Até agora, sabemos que as populações jovens resistem bem ao novo vírus. As estatísticas estão mostrando que 80% ou mais, passam pelo contágio sem apresentar grande sintomatologia. A maioria das mortes acomete idosos com outras doenças simultâneas ou pessoas com imunidade comprometida. A lentidão da disseminação do vírus faz com que essas pessoas sejam, paulatinamente, alcançadas pelo contágio. Paradoxalmente, os mortos deixam de contribuir para alcançarmos a "massa crítica" (70%) de imunizados necessária para o controle da pandemia.
O futuro dirá, através dos estudos estatísticos que serão produzidos, se esse comportamento adotado na sofreguidão da pandemia, foi o mais indicado. A debacle econômica em curso, ainda não avaliada em todas as suas consequências, deverá ser mais um fator a ser considerado em futuras decisões.